Gilberto Gil participará de uma live no dia 15 de outubro em homenagem ao dia dos professores neste dia 15 de outubro, às 17h, no canal do YouTube do Instituto Arte na Escola. Em uma conversa informal, Gilberto Gil vai falar também sobre um assunto bastante em pauta atualmente: educação antirracista.
Há mais de 30 anos, o Instituto Arte na Escola (IAE), qualifica, incentiva e reconhece o ensino da arte na Educação Básica brasileira. Defende que a arte é um objeto do saber, que desenvolve nos alunos habilidades perceptivas, capacidade reflexiva e incentiva a formação de uma consciência crítica, não se limitando à autoexpressão e à criatividade.
Desde 1989, promove de formação continuada para professores do Brasil por meio quatro iniciativas permanentes: organização de polos em universidades que formam a Rede Arte na Escola; parcerias e projetos aprovados em leis de incentivo; produção e distribuição de materiais educativos para subsidiar os educadores e realização do Prêmio Arte na Escola Cidadã.
RACISMO ESTRUTURAL – VOCÊ SABE O QUE É?
Racismo é uma forma de discriminar um indivíduo ou um grupo por sua etnia ou cor. Como é um termo muito amplo, existem muitas subdivisões que são estudadas, como racismo simbólico, institucional, individual, científico, estrutural e outros.
O racismo estrutural é uma das formas mais “brandas” e de difícil percepção da sociedade, já que elas estão diretamente ligadas ao processo histórico. A abolição dos escravos ocorreu apenas no ano de 1888, porém os negros foram inseridos na sociedade sem nenhum suporte e o povo ainda tinha um pensamento escravocrata. Essa herança histórica vemos até os dias de hoje nas estruturas da sociedade.
Há um conjunto de hábitos, situações e expressões embutidas em nossos costumes que promovem a segregação racial. Vemos isso em palavras como “denegrir” (tornar negro); chamar o negro de “moreno” ou “pessoa de cor” ou quando se fazem piadas onde associam as pessoas negras e indígenas a situações degradantes.
Após a abolição, os negros não tiveram emprego, moradia digna e nem condições básicas de sobrevivência. Por isso, eles iam morar em lugares onde ninguém queria morar, como os morros, dando origem às favelas. E hoje em dia, mesmo depois de 130 anos, ainda vemos o reflexo desse racismo estrutural.
É difícil para a pessoa negra ascender economicamente, acessar lugares e ter as mesmas profissões de pessoas brancas. O índice de analfabetismo entre pessoas negras e pardas é mais que o dobro do que as brancas, enquanto o desemprego também é mais alto para essa população e os salários, mesmo em profissões equivalentes, é menor para a população negra. Faltam pessoas negras em cargos importantes e com maiores salários, mesmo que a estatística aponte que a maioria dos brasileiros (55%) são negros.
Segundo o livro Racismo Estrutural (2018), escrito pelo diretor-presidente do Instituto Luiz Gama, Silvio Luiz de Almeida, é necessário ” pensar o racismo como parte da estrutura não retira a responsabilidade individual sobre a prática de condutas racistas e não é um álibi para racistas. Pelo contrário: entender que o racismo é estrutural, e não um ato isolado de um indivíduo ou de um grupo, nos torna ainda mais responsável pelo combate ao racismo e aos racistas.”
Já o doutor em educação e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, defende que conscientização de que o racismo existe é apenas o primeiro passo. Em um segundo momento, é necessário debater o assunto e apostar em ações práticas que revertam todo esse processo histórico, assim como Gilberto Gil fará. A luta não é apenas dos negros, mas sim de todos.
“Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista” – Angela Davis
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