Dia de Iemanjá: a divindade africana que é a “mãe de todos”

Dia de Iemanjá: a divindade africana que é a "mãe de todos"
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Neste dia 2 de fevereiro é comemorado o Dia de Iemanjá, sendo que a tradicional Festa que cultua a divindade, na Bahia, teve que ser cancelada devido ao coronavírus, em especial da variante ômicron. Segundo a crença popular, ela é a rainha das águas, sendo a figura materna que irmana todas as pessoas.

Segundo o sociólogo, antropólogo e babalorixá Rodney William Eugênio, doutor pela PUC de São Paulo, o nome Iemanjá vem da expressão “mãe dos peixes”. “É considerada a mãe de todos, a que nos prepara para a vida, nos dá a imensidão das águas para que possamos realizar todas as potencialidades”.

“Iemanjá é um orixá, ou seja, uma divindade africana cultuada a partir do panteão divino dos povos iorubás. Embora, no Brasil, assuma títulos e características de ‘rainha do mar’, na África, é cultuada na região de Abeokutá, na Nigéria, onde seus cultos se estabeleceram inicialmente nas águas doces do rio Yemoja, entre Ifé e Ibadan”, contextualiza o sacerdote de umbanda David Dias, pesquisador em ciência da religião na PUC-SP.

Já no Brasil, acredita-se que a divindade ganhou importância justamente por conta do processo de escravização. Por ter ela esse papel materno e fazer de todos uma só família, ela foi fundamental para refazer os laços dos escravos separados de seus parentes durante o processo de migração violenta e forçada.

Para o historiador Guilherme Watanabe, pai de santo do terreiro Urubatão da Guia, em São Paulo e membro fundador do Coletivo Navalha, no Brasil o culto a Iemanjá foi a resposta “ao rompimento dos laços familiares e afetivos” causados na escravidão.

“Com o sequestro das famílias africanas, há episódios de mortes de familiares ainda nos navios negreiros e a separação deles no desembarque, quando eram encaminhados para locais diferentes de trabalho”, pontua. “Ser filho ou filha de orixá era uma forma de estarem ligados à sua origem ancestral, uma forma de recapitular o passado, reestruturar os laços.”

No Brasil, a devoção a ela “extrapola as religiões de matriz africana”, ressalta Eugênio. “Todos os brasileiros de um jeito ou de outro são devotos dela. Ela é a grande mãe do povo brasileiro, faz parte do imaginário. Está profundamente arraigada em nossa formação.”

Com informações de BBC

Sobre Victor Miller 75 Artigos
Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro

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