Samba de Dandara exalta a força ancestral feminina em disco de estreia; ouça

Após oito anos de trajetória por espaços cativos do samba paulista, o Samba de Dandara, roda composta apenas por mulheres, apresenta ao público o seu primeiro disco autoral, homônimo. Sob a chancela de Natura Musical, o projeto reúne 14 faixas inéditas, que contemplam canções autorais e de compositoras contemporâneas da cena de São Paulo, além de contar com a participação de mais de trinta mulheres entre cantoras, arranjadoras, compositoras, instrumentistas e equipe de produção. OUÇA AQUI

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Reprodução

Em seu primeiro trabalho, a banda materializa a identidade que resume sua fundação em um projeto pautado na ancestralidade e no protagonismo feminino e em discussões sobre os espaços ocupados pelas mulheres na sociedade de modo geral e, especificamente, no samba. Com letras marcadas pela luta sociopolítica feminina e pela valorização das tradições negras brasileiras, o trabalho explora diferentes linguagens e vertentes do samba, como ijexás, samba de roda, samba rural e partido alto. A tradução desses conceitos em imagem foi realizada pelo designer gráfico e ilustrador Elifas Andreato, que assina a arte da capa, e por sua filha, a artista visual Laura Andreato, responsável pelo projeto gráfico.

“O samba, símbolo de resistência da cultura negra, é historicamente protagonizado por homens, sendo reservados às mulheres o canto, o coro ou a dança”, comenta Maíra da Rosa, vocalista do grupo. “Além de resgatar a história de mulheres que nos antecederam, buscamos abrir novos caminhos, fortalecer o repertório de nossas integrantes, além de construir com este trabalho um instrumento de enaltecimento do samba paulista, de luta política por direitos sociais e da mulher e de valorização das manifestações culturais e rítmicas de origem africana”, completa.

O projeto foi selecionado pelo Edital Natura Musical em 2018: “Nós acreditamos no impacto transformador que a música pode ter no mundo. E os artistas, bandas e projetos de fomento à cena selecionados pelo edital Natura Musical têm essa potência de mobilizar o público na construção de um mundo mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

Conceito
Com a oração “A Força da Mulemba”, da cantora Maria Helena, embaixatriz do samba paulistano, abre-se o disco cujo repertório pode ser dividido entre o mundo material (ou Ayê, em iorubá) e o mundo espiritual (ou Orum). “Quilombo” (Jacke Severina e Maíra da Rosa), terceira faixa do disco, resgata e homenageia a força dos quilombos e abre espaço para canções que afirmam o espaço da mulher na música e no samba – “Samba à Toa” (Maíra da Rosa) homenageia as mulheres que têm o samba como ofício; “Para Amélia e Emília” (Maira Ranzeiro) faz referência a sambas que se consagraram na história, porém com letras que subjugam as mulheres; “Pé de Moça” (Maíra da Rosa, Mariana Rhormens e Felipe Matheus) destaca a aliança entre as mulheres na luta para ocupar os espaços.

A faixa seguinte, o samba rural “Estrela Negra” (Laís Oliveira, Karina Adorno e Renato Dias) homenageia Dona Anicide Toledo, matriarca do batuque de umbigada. Também têm mulheres como personagens principais as faixas “Menina Guerreira” (Maíra da Rosa, Mariana Rhormens e Felipe Matheus), uma homenagem às mães, e “Pranto de Carnaval” (Aninha Batucada, Lucas Laganaro e Renato Dias), um causo bem-humorado de carnaval. Completam a primeira parte do disco “Canta”, de Carol Nascimento, e “Estação Crise”, de Laurinha Guimarães.

O samba enredo “Entre o Ayê e o Orum” (Maíra da Rosa) marca a segunda etapa do álbum, resgatando as influências religiosas e ancestrais do grupo, complementado por “Artimanhas” (Raquel Tobias) e “Xaxado pra Iansã” (Mariana Rhormens e Alisson Lima). Para fechar o disco, a faixa bônus “Dandaras, Filhas de Akotirenes” (Maíra da Rosa e Mariana Rhormens) é uma saudação aos quilombos urbanos e ao carnaval paulista que reivindica o direito de ocupar a rua, trazendo como convidadas as mulheres do Bloco Afro Ilú Oba De Min e da baixista Ana Karina Sebastião.

Participações
Com produção executiva de Amanda Lima, quem assina a direção musical é o violonista Samuel da Silva, que coordenou a flautista Angela Coltri e o percussionista Júlio César na elaboração dos arranjos de sopro e percussão, respectivamente. Entre as cantoras convidadas para participar do disco estão Maria Helena Embaixatriz em “A Força da Mulemba”, Fabiana Cozza em “Quilombo” e Raquel Tobias em “Artimanhas”. Amanda Lima, Aninha Batucada, Camila Trindade, Jana Cunha, Karina Oliveira, Paulinha Sanches, Railídia, Raquel Tobias e Roberta Oliveira, parceiras da banda, foram responsáveis pelos coros.

O disco recebeu ainda participações das percussionistas Ligia Fiocco, Monalisa Madalena, Roberta Kelly e Xeina Barros, além da clarinetista Laura Santos, da violonista Fernanda Araújo, da cavaquinista e banjoísta Kelly Adolpho, da cavaquinista Camila Silva e da sanfoneira Cimara Fróis. Angela Coltri, que participou da criação dos arranjos de flautas, também fez parte das gravações, assim como Samuel da Silva, no violão sete cordas.

“Samba de Dandara” (2021) está disponível em todas as plataformas digitais a partir de 7 de maio de 2021.

Sobre o Samba de Dandara
Samba de Dandara é samba de empoderamento e exaltação às mulheres sambistas, às grandes compositoras, às grandes intérpretes, às guerreiras do samba. A concepção de Samba de Dandara carrega o peso e a inspiração de Dandara, mulher negra, guerreira e referência histórica na luta contra a escravização. Carregar esta marca significa homenagear e promover a resistência feminina e negra sob a forma de uma representação musical que passeia por ritmos afro-brasileiros, sobretudo o samba em suas diversas vertentes – ijexás, afoxés, pontos de candomblé e umbanda. A banda propõe debates sobre ancestralidade e protagonismo feminino. Maíra da Rosa (voz), Laís Oliveira (cavaco), Laurinha Guimarães (violão), Mariana Rhormens (flauta e percussão), Ana Lia Alves (percussão), Tati Salomão (percussão) e Kamilla Alcântara (percussão).

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