Prefeitura de São Paulo anuncia cinco novas estátuas de personalidades negras na cidade

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, anuncia que cinco novas estátuas serão instaladas na cidade, homenageando personalidades negras com forte ligação com o município. O anúncio ocorre durante a Semana de Valorização do Patrimônio, evento organizado pela Prefeitura para discutir o patrimônio histórico da cidade, até o dia 20 de agosto (leia mais abaixo).

foto
Reprodução

• Carolina Maria de Jesus: estátua representando a escritora Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo e diversos outros livros.
Localização: Parque Linear Parelheiros, onde Carolina viveu por muitos anos, onde se encontram o Centro de Cidadania da Mulher e o Ponto de Leitura Carolina de Jesus

• Geraldo Filme: estátua do músico sambista Geraldo Filme.
Localização: Praça David Raw, na Barra Funda, próximo ao antigo Largo da Banana, muito frequentado por Geraldo e marca do Samba Paulistano; aprovado por pessoas do movimento e pela própria família do Geraldo.

• Adhemar Ferreira da Silva: estátua do atleta olímpico e tri-campeão pan-americano em salto triplo.

Provável localização: Canteiro central da Avenida Braz Leme (Casa Verde), no bairro onde o atleta sempre morou na Casa Verde e onde clubes de atletismo surgiram a partir do sucesso dele. O próprio campo do São Paulo que ele treinava era onde hoje temos o estádio do Canindé. Propomos a instalação da escultura no canteiro central da Av. Braz Leme onde muitas pessoas correm e andam de bicicleta, e era um caminho que Adhemar fazia em direção à casa dele.

• Deolinda Madre (madrinha Eunice): estátua da sambista e ativista negra Deolinda Madre, mais conhecida como madrinha Eunice, fundadora da primeira escola de samba da capital, a Lavapés.

Localização: Praça da Liberdade (sugerido pelos familiares e pesquisador sobre o Samba Tadeu Kaçula)

• Itamar Assumpção: estátua do cantor, compositor e musicista Itamar Assumpção.

Localização: A Prefeitura ainda está em contato com a família do artista para indicação de lugares possíveis para a homenagem, mas localidades como a Casa de Cultura da Penha, onde Itamar gravou a trilogia Bicho de 7 cabeças, em 1993, e que também conta com um estúdio em sua homenagem e no bairro onde ele nasceu; e a Praça Benedito Calixto, importante espaço cultural da cidade próximo ao antigo teatro Lira Paulistana, já estão sendo considerados.

Em 2020, a Prefeitura inaugurou uma estátua na Praça Clóvis Bevilácqua que celebra a grandiosidade do legado arquitetônico de Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811), ex-escravizado que ficou célebre com a alcunha de Tebas.

Semana de Valorização do Patrimônio

A Semana do Patrimônio já tem marcados cinco encontros online com transmissão nos canais do YouTube do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) e também nas páginas do Facebook da Secretaria Municipal de Cultura .

Palestrantes convidados e servidores do DPH discutem no evento a atuação de órgãos de preservação de patrimônio e memória tendo como gancho acontecimentos recentes na cidade, como incêndio na estátua do bandeirante Borba Gato – mas não só. Dinâmicas de preservação de edificações protegidas como patrimônio cultural, arqueologia urbana e a participação do cidadão nas dinâmicas de preservação do patrimônio cultural também são temas da Semana.

A Semana de Valorização do Patrimônio conta ainda com a participação de representantes de coletivos, instituições e profissionais da área. Além das mesas, a 16ª Semana de Valorização do Patrimônio contará com um mural colaborativo de ideias, como espaço virtual de encontro, registro de memórias e impressões sobre o patrimônio cultural na cidade. O quadro ficará aberto para participação do público durante toda a semana de realização do evento, por meio do link: https://app.sli.do/event/ldfmvaug.

Como convite à participação de todos neste quadro colaborativo, perguntamos: Qual o papel do patrimônio na cidade do futuro?

Placas da Memória Paulistana

O DPH também retoma, durante a Semana de Valorização de Patrimônio, a instalação de 50 placas do projeto Memória Paulistana. As novas placas dizem respeito ao concurso cultural de 2020 e outras pesquisas do Departamento.

Uma das novas placas homenageia o advogado Luiz Gama. Diz a inscrição: “O abolicionista autodidata (1830- 1882) viveu e teve seu primeiro escritório neste endereço, tendo libertado judicialmente mais de 500 escravizados. Em 2015, foi reconhecido advogado pela Ordem nacional”. Ela será instalada na R. 25 de Março, 595, no Centro.

Outras placas dizem respeito ao arquiteto Ramos de Azevedo (R. Pirapitingui, 111), o Teatro Brasileiro de Comédia (R. Major Diogo, 311/315), ao Guinga’s Bar (Av. Sapopemba, 13.780), Favela do Canindé (Rua Azurita, 100), ao terreiro Axé Ilê Obá (R. Azor Silva, 77) e ao filme Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirzsmann, que completa 40 anos em 2021 (Rua Domingos Vega, 816 – Brasilândia).

Disponível na Plataforma Geosampa, o levantamento chamado Inventário Memória Paulistana identifica lugares referenciais para a memória dos diversos grupos sociais da cidade, independente da continuidade da prática ou da existência no presente do imóvel que se constituiu como referência. A identificação é feita por meio das placas azuis com 35 cm de diâmetro.

Aquecimento nos Centros Culturais e Teatros

No dia 21, às 20h, a Vila Itororó recebe o espetáculo “Adoniran reencontra Elis na Vila”. Dirigido por Paula Klein, a performance musical reinventa o episódio dos anos 1970, no qual Adoniran Barbosa andou pelas ruas do Bixiga apresentando o bairro para Elis Regina. Nessas andanças, eles entraram na Vila Itororó e a cena marcou para sempre este lugar de memória.

Com transmissão online e também presencial, o Centro Cultural da Penha realiza o Roteiro Histórico da Penha, nos dias 21, 22 e 29 de agosto, contando a história e curiosidades do bairro. O roteiro será guiado pelo Grupo Ururay, referência na pesquisa de patrimônio histórico na zona leste da cidade. Nos mesmos dias, o Centro Cultural da Penha também oferece uma visitação guiada para conhecer o espaço.

Confira a programação completa:

16ª Semana de Valorização do Patrimônio:

Dinâmicas da preservação

17/08

17h – 19h: Mesa 2 – Patrimônio da saúde e da ciência

A partir da apresentação de estudos de caso, a mesa propõe discutir as dinâmicas de preservação de edificações protegidas como patrimônio cultural, nas quais funcionam importantes instituições relacionadas ao tema da saúde e da ciência, considerando a relevância do tema na atualidade.

Convidados:

Anderson Félix de Sá | Patrimônio arquitetônico no Instituto Butantan

Renato Gama-Rosa Costa | Ações de Conservação em Patrimônio Institucional: a experiência do DPH da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz

Adda Ungaretti e Amanda Caporrino | Do passado ao presente: reflexões sobre o patrimônio relacionado à hanseníase no contexto da pandemia de Covid-19

Mediação: Walter Pires (SMC/DPH)

18/08

17h- 19h: Mesa 3 – Patrimônio “oculto”: arqueologia urbana e memória na cidade

A mesa tem como tema principal a arqueologia urbana e sua relação com a memória, a partir da discussão de casos no Brasil e na Argentina.

Convidados:

Daniel Schávelzon (Argentina) | A arqueologia urbana: um novo desafio

Rafael de Abreu e Souza (Brasil) | Aguardando título da apresentação

Mediação: Paula Nishida (SMC/DPH)

 

19/08

17h – 19h: Mesa 4 – Desafios da atuação do DPH

A partir de temas presentes no debate público na atualidade, o encontro tem como proposta discutir os desafios de atuação do DPH, considerando os diferentes núcleos do órgão e suas atribuições. Pretende-se debater sobre as problemáticas recentes envolvendo as narrativas e a representatividade dos monumentos no espaço público, os desafios na análise de projetos e intervenções em bens tombados e áreas envoltórias, bem como sobre os diferentes instrumentos de proteção e processos de reconhecimento do patrimônio cultural.

 

Convidados:

Alice de Almeida Américo | A mudança de narrativas da arte pública em uma cidade ativa

Lícia M. A. de Oliveira Ferreira | Intervenções Contemporâneas em bens tombados: limites e potencialidades

Luca Fuser | A identificação do patrimônio cultural em São Paulo: panorama e desafios atuais

Mediação: Maria Emília Nascimento Santos (SMC/DPH)

20/08

17h – 19h: Mesa 5 – O cidadão no centro do debate

A mesa tem como tema a participação do cidadão nas dinâmicas de preservação do patrimônio cultural na cidade de São Paulo, a partir da experiência de coletivos e instituições que atuam em defesa da memória nos diferentes territórios da cidade.

 

Convidados:

Abílio Ferreira, representando o Instituto Tebas|Há 36 anos escrevi uma história, provocado pela experiência que vivemos hoje

Marcella Arruda, representando o instituto A cidade precisa de você! | Salvaguarda de uma Cidadania Ativa

Renata Eleutério, representando o CPDOC Guaianás |Patrimônio, periferia e a luta pela memória

Lucila Lacreta, representando o Movimento Defenda São Paulo |Patrimônio Urbanístico – Preservação de bairros e cidades com qualidades culturais e ambientais significativas

Mediação: Ingrid Soares (SMC)

CENTROS CULTURAIS E TEATROS

Roteiro Histórico da Penha

 

No mês de agosto o CCP faz aquecimento para a Jornada do Patrimônio por ser um equipamento público localizado em um bairro de área tombada. A proposta é de organização de grupos de pessoas para um roteiro pelo bairro, visitando os principais pontos históricos. O guia do roteiro será o Grupo Ururay, que é referência na pesquisa de patrimônio histórico na zona leste da cidade.
| Centro Cultural da Penha. Dias 21, 22 e 29, 10h. Presencial na área externa e online por Facebook. Livre.

 

Visita monitorada Centro Cultural Penha

No mês de agosto o CCP oferece um esquenta da Jornada do Patrimônio. O equipamento público está localizado em um bairro de área tombada. Grupos de 4 a 10 visitarão o Centro Cultural, guiados pela gestora do espaço, Valquiria Gama, que vai contar a história do prédio desde a sua construção, sua importância no território e as obras artísticas que neles estão expostas.

| Centro Cultural da Penha. Dias 21, 22 e 29, 14h. Presencial. Livre.

Nosso Patrimônio na Colina

No mês de agosto teremos um esquenta pela Jornada do Patrimônio. O Centro Cultural Penha participa da pré-programação por ser um equipamento público localizado em um bairro de área tombada. Aqui, um bate-papo com historiadores da região para falar sobre a história do bairro e de seu caminho até a preservação do patrimônio histórico. Convidados: Antônio Folco (Memorial Penha de França), Mauricio Dias Duarte (Grupo Ururay) e Patricia Freire (historiadora).

| Centro Cultural da Penha. Dia 22, 19h.

 

Adoniran reencontra Elis na Vila

Na década de 70, Adoniran Barbosa anda pelas ruas do Bixiga apresentando o bairro para Elis Regina. Nessas andanças eles entram na Vila Itororó e a cena marca para sempre este lugar de memória. A cena será recriada, inserindo falas e músicas em uma performance da escadaria principal da Vila Itororó.
| Vila Itororó. Dia 21, 20h. Presencial.

Sampa Samba Rock

 

Celebrando este patrimônio cultural paulista, o projeto Sampa Samba Rock apresenta os giroteios e o bailado desta dança urbana e negra das comunidades do samba. Além da apresentação, a atividade oferece uma vivência com o público e muita diversão.

| Centro Cultural da Juventude. Dia 15, 16h. Presencial.

ZL 100

A exposição ZL 100 traz o registro de 100 produtores culturais da Zona Leste, que estão à margem dos meios de produção. A primeira edição aconteceu na Ocupação Cultural Mateus Santos, contando com a exposição de 100 artistas que colaboram com a construção cultural do território.

| Teatro Flávio Império. A partir de 14/8.

 

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.