“O Brasil não quer olhar para si de maneira madura e crítica”, vaticina Taís Araújo, em live de lançamento da obra Marcados. “Falta olhar para si e entender como a gente chegou neste país que está estragado, mofado, com uma História antiga que prevalece, de um só ponto de vista”. Taís traça um paralelo do livro, que faz essa crítica e busca novos pontos de vista da História do país norte-americano, contada agora pelo povo negro, buscando as origens do racismo, da segregação. “Quando pego um livro desses, penso: por que não tem um livro desses sobre a minha história? Seria diferente”, disse a atriz. A live, em que Taís Araújo discute pontos importantes da estrutura do racismo está disponível aqui.
Entusiasta da obra, a edição da Galera traz orelha assinada pela atriz, que se disse “presa” pelo livro desde que o conheceu. O que chama atenção da atriz talvez seja o que de fato a obra mais tenha a contribuir no cenário brasileiro: conhecer mais sobre própria história, escrita sob um outro ponto de vista, poderia alterar a estrutura social, sobretudo na educação, o que consolidaria uma importante forma de luta antirracista. “Marcados” traz um mergulho na História da escravidão estadunidense, que possui uma trajetória paralela, porém distinta de como aconteceu no Brasil. Por aqui, ainda há mais informações sobre o não dito do que dados e estudos publicados e difundidos.
Por isso, embora trate-se da História norte-americana, Marcados levanta pontos de interrogação sobre esta historiografia no Brasil, especialmente para a população negra, maioria no país. Quão diferente seria a vida de uma pessoa negra se tivesse tido acesso a sua própria história, contada por um outro ponto de vista, desde a educação básica? O que mudaria na História da colonização e desenvolvimento do Brasil que conhecemos hoje pelos livros? Nosso país, que hoje engatinha na discussão do racismo estrutural causado pelo processo de escravização de povos originários do continente africano, tem muito a aprender com o que nos conta a pesquisa de Marcados.
A importância deste lançamento começa na potência da dupla que o escreveu. Dois autores best-sellers #1 do New York Times se reuniram na construção desta obra poderosa, que busca, justamente, explicar e destruir uma estrutura: o racismo. Um é Jason Reynolds, que, inspirado no rap, tornou-se autor premiado em literatura de ficção. O outro é o aclamado Ibram X Kendi, que escreveu o famoso “Como ser antirracista” e atua como ativista antirracista antirracista e historiador da política racial e discriminatória na América. Desta reunião, o resultado é Marcados – Racismo, antirracismo e vocês, lançado agora pela Galera no Brasil.
O livro delineia a história do racismo, expondo como diversas narrativas políticas, literárias e filosóficas ao longo do tempo foram utilizadas com a finalidade de justificar a opressão em massa, a escravidão e o genocídio de pessoas negras. Dessa maneira os autores conduzem essa jornada, apresentando como ideiais racistas tiveram início, de que formas foram difundidas e, principalmente, como podem ser desacreditadas e desconsideradas.
A construção das raças sempre foi utilizada como estratégia para obter e manter o poder, para criar dinâmicas que, ao mesmo tempo, oprimem, separam e silenciam. Argumentos racistas são tecidos e, a partir de então, disseminados ao longo de todo o país, e o primeiro passo para que seja possível construir uma sociedade norte-americana antirracista é, acima de tudo, conhecendo profundamente o passado e o presente racistas dos Estados Unidos.
Por meio de uma emocionante, envolvente, acelerada e enérgica narrativa, Marcados não apenas direciona os holofotes para as várias e distintas formas de racismo presentes no dia a dia, mas também para quais estratégias você pode – e deve – adotar para identificar e eliminar, em seu cotidiano, pensamentos e posturas racistas, com o objetivo de criarmos um futuro justo, igualitário, consciente e, sem dúvidas, melhor.
AUTORES
Jason Reynolds é um autor best-seller #1 do New York Times. Encontrou inspiração no rap para começar a escrever poesia, aos nove anos de idade, e é hoje um conceituado autor de ficção e poesia para jovens e adultos. Foi vencedor de diversos prêmios, entre eles Kirkus Award, Walter Dean Myers Award, Edgar Awards e Newbery Medal, além de finalista do National Book Awards com os livros Fantasma, em 2016, e Daqui pra baixo, em 2017. Vive atualmente em Washington, D.C., e convida você a visitá-lo em JasonWritesBooks.com.
Ibram X. Kendi é um premiado autor best-seller #1 do New York Times, responsável por Como ser antirracista, além de professor, ativista antirracista e historiador da política racial e discriminatória na América. Em 2020, ele assumiu o cargo de diretor do Center for Antiracist Research da Boston University. Colunista da revista The Atlantic, Kendi foi incluído na lista das 100 pessoas mais influentes de 2020 da Revista Time. O autor vive em Washington, D.C., e você pode visitá-lo em IbramXKendi.com.
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