Muito se fala em “lugar de fala” e qual o nosso papel nas causas sociais. Segundo a professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Cantarina, Lia Vainer Schucman, em entrevista a TV Cultura, o protagonismo da luta contra o racismo é, de fato, da população negra. No entanto, a luta contra o racismo é de todos, e os brancos podem (e devem) dar sua contribuição para uma sociedade mais justa.
“A contribuição do branco na luta antirracista passa, primeiro, por um processo do branco ter que reconhecer o quanto essa estrutura que a gente vive beneficiou os brancos, para que entenda que as políticas públicas de cotas e inserção não são favores. É um direito de uma população que foi expropriada durante anos e anos” – disse, acrescentando também que as pessoas brancas são associadas a ideia de “beleza, competência e de inteligência“.
Segundo a antropóloga Lilia Schwarcz no livro “Sobre o Autoritarismo Brasileiro”, não há democracia com a presença do racismo, considerando que ela coloca determinado grupo, no caso as pessoas negras, em posições desfavoráveis. Para isso, ela diz que o primeiro passo é que os brancos reflitam sobre privilégios: questionar a ausência de negros nas universidades, em cargos altos, no comando de pesquisas, no protagonismo de filmes e séries já demonstra um conhecimento sobre o racismo estrutural na sociedade.
No entanto, ela diz que somente o discurso não basta para termos uma sociedade mais igualitária. Depois do reconhecimento de seus privilégios por ser branco, este pode tomar algumas atitudes que podem evitar a propagação do discurso racista.
“Escutou comentários preconceituosos entre os amigos brancos? Viu alguém reproduzindo estereótipos? Interrompa e levante um debate sobre isso. É essencial que esse tipo de coisa seja reprimida na hora.” – diz (via Terra)
O racismo estrutural é uma das formas mais “brandas” e de difícil percepção da sociedade, já que elas estão diretamente ligadas ao processo histórico. A abolição dos escravos ocorreu apenas no ano de 1888, porém os negros foram inseridos na sociedade sem nenhum suporte e o povo ainda tinha um pensamento escravocrata. Essa herança histórica vemos até os dias de hoje nas estruturas da sociedade, como exploramos em um artigo próprio sobre o racismo estrutural.
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