
Trazendo a cultura ancestral e o passo tabiá, o grupo Jongo da Serrinha se apresenta nas unidades do Sesc São Paulo, dentro do ciclo Percursos da Tradição, que promove encontros, trocas e aprendizados com a cultura popular tradicional. As primeiras apresentações serão nesta sexta-feira, 02 de agosto, no Sesc Catanduva, com início às 20 horas e no domingo (04/08), na sede de São José dos Campos, às 16h. A entrada é gratuita.
Criado no final da década de 60, pelo mestre Darcy e sua grande matriarca Tia Maria do Jongo, que faleceu este em maio, aos 98 anos, o grupo vem do morro da Serrinha, que fica no subúrbio da comunidade de Madureira, no Rio de Janeiro.
“Tá muito recente pra nós a ida da Tia Maria, mas acreditamos na vida eterna e ela sempre estará conosco no nosso caminhar. Estar no ciclo Percursos da Tradição em parceria com o SESC São Paulo nos abre mais uma porta e estamos felizes em mostrar a ancestralidade e o trabalho que desenvolvemos com o Jongo da Serrinha em outro estado”, conta lazir Sinval, coordenadora artística do grupo cultural.
Registrado pelo IPHAN em 2005 como um dos seis primeiros patrimônios imateriais do Brasil, o jongo originalmente só podia ser dançado pelos “cabeça branca”. Também conhecido por caxambu, o jongo é uma dança de matriz africana, da região do Congo e Angola. Chegou ao Brasil-Colônia por meio dos negros de origem bantu, escravizados e trazidos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Contam velhos jongueiros que quando a Terra era “encantada”, ou seja, quando havia muito mais natureza do que cidade, quem o dançava tinha diversos poderes mágicos. Um deles, muito comum, era estar em dois lugares ao mesmo tempo. Acontecia de alguém ir para uma roda umbigar e outro testemunhar que aquela mesma pessoa estava numa outra roda, em outro lugar, ao mesmo tempo. Contudo, dizem que esta magia, com a urbanidade excessiva, foi perdendo sua potência. Mas o jongo continua “tendo mironga” e preserva em seus sistemas a força regeneradora da natureza e da presença dos corpos que “se umbigam mutuamente”, como dizia Mestre Darcy.
Não apenas para diversão, mas também para momentos de reflexão e oração por meio da música, o jongo é uma forma de falar sobre a abolição que nunca houve, de se pensar numa reparação histórica necessária, de transmitir sabedorias ancestrais e de se tentar recontar a história do Brasil sobre o olhar dos oprimidos.
Solista, versos livres, improvisos, refrão por todos respondidos… Colocando as mãos no couro do tambor e gritando a palavra “machado”, o jongueiro interrompe um ponto de jongo para que outro possa começar.
Para quem já quer deixar a agenda organizada para acompanhar o Jongo da Serrinha nas outras apresentações, que o grupo fará nas unidades do Sesc São Paulo, é só anotar:
15/08 – Sesc Consolação às 19h
16/08 – Sesc Santana às 15h
17/08 – São Caetano (Parque da Juventude – Mauá, SP) às 15h
18/08 – Sesc Taubaté às 16h
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